UMA BALA PARA O GENERAL (El Chuncho, Quien Sabe?, 1966), de Damiano Damiani

Nada melhor que fechar o sabadão com um Spaghetti Western arrasador! Sabe aquele filme ou diretor que você sempre ouviu todos os amigos comentarem que é muito bom, que todas as resenhas que você lê sempre são positivas e percebe que está dando mole e ainda não viu uma das obras fundamentais de algum gênero que gosta? Pois então, é exatamente o meu caso com UMA BALA PARA O GENERAL, de Damiano Damiani. Não sei porque não havia assistido antes!

Trata-se de um exemplar do mesmo subgênero de VAMOS A MATAR COMPAÑEROS, que postei aqui no blog outro dia, o Zapata Western, filmes sobre revolução mexicana, etc. UMA BALA PARA O GENERAL transcorre justamente neste universo do México revolucionário e conta a estória de um jovem americano que se junta a um grupo de revolucionários, liderados por Chuncho, e ajuda na peleja contra as autoridades e no tráfico de armas entre os rebeldes. A princípio, o que o gringo parece almejar é dinheiro, mas a ambiguidade de seu olhar e da forma de agir conota objetivos obscuros, que ficam claros apenas ao final.

Os personagens principais são perfeitamente construídos, assim como um bom SW tem de ser pra deixar sua marca! E o elenco também auxilia muito nesse sentido. Gian Maria Volonté cai perfeitamente na pele de Chuncho, o líder da nobre causa mexicana e de uma sinceridade impressionante. O gringo, que é chamado de Niño, é vivido por Lou Castel, um sujeito frio, capitalista e certamente “não gosta da fruta”. Por último, um personagem que merecia mais presença em cena, mas no pouco que aparece Klaus Kinski registra seu momento com maestria encarnando o meio irmão de Chuncho. É um fanático religioso que acha que está participando de uma missão religiosa ao invés da libertação de seu país.

Damiani conduz um filme bem movimentado, com bastante ação e muito tiroteio, mas o aspecto humano nunca é ignorado. Chuncho, apesar de ser considerado um bandoleiro pela polícia, age em prol de seu povo e mesmo quando esquece seus princípios e acaba movendo-se por dinheiro, consegue fazer a escolha certa ao final, jogando na cara do espectador o ponto de vista esquerdista de seus realizadores. UMA BALA PARA O GENERAL é daqueles filmes magnificamente bem filmados, com bela trilha de Morricone, lindamente fotografado, um dos melhores do gênero! Não perde o foco de seus elementos políticos nem deixa de ser um grande espetáculo.

Recomendo também o texto do amigo lusitano Pedro Pereira, do blog Por um Punhado de Euros.

6 pensamentos sobre “UMA BALA PARA O GENERAL (El Chuncho, Quien Sabe?, 1966), de Damiano Damiani

  1. A performance do Volonté é arrasadora, e o final eu considero um dos melhores que já vi (não só entre os spaghettis, mas falando de cinema em geral). Detalhe que o Damiani não considerava “Quien Sabe?” um western, e uma de suas principais influências foi Glauber Rocha, prestando inclusive uma homenagem explicita atraves do personagem do Klaus Kinski.

  2. esse é um filmaço, além de mostrar muito bem o verdadeiro motivo de uma ditadura tomar o poder em um país, a atuação de Volonte é muito boa, mas a atuação magistral é a de Klaus Kinski, esse também está cotado para o FAROESTE EM GERAL em breve.

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