UN FLIC (1972)

alain delon un flic melville 1972 3
Do Melville só havia assistido LE SAMOURAI e resolvi dar uma explorada no restante da filmografia começando pelo ultimo filme que realizou. Confesso que vindo de um diretor tão consagrado no gênero policial francês e, sendo este seu derradeiro trabalho, eu esperava mais de UN FLIC, mesmo assim é um bom filme estranho.
A trama de UM FLIC envolve uma quadrilha de assaltantes, liderado pelo ator americano Richard Crenna (que mais tarde faria o Coronel Trautman em RAMBO) e um inspetor, vivido por Alain Delon, que trabalha para capturá-la. Tem alguns momentos ótimos, como a cena de roubo ao banco na chuva logo no início; Delon em cena é sempre marcante, principalmente por fazer o tipo policial de métodos heterodoxos; e vários personagens interessantes, lapidados com uma bressoniana falta de emoções, algo que já parece ser particular do diretor.
Outras sequências não me atraíram em nada – o assalto ao trem, com aquela maquete totalmente deselegante… Por que filmar desse jeito? Num filme de baixo orçamento italiano eu entenderia. O filme ainda aproveita muito mal a Catherine Deneuve. De qualquer forma, está bom como está, não é exatamente uma despedida como a de Sergio Leone, mas também Melville não está a altura do italiano… Mas quem está? Essa semana eu vejo como ele se saiu em LE CERCLE ROUGE.

16 pensamentos sobre “UN FLIC (1972)

  1. Pois é, mas esses elementos eu adorei também, acho esse tratamento estético e toda a relação com o noir uma coisa genial. Não foram eles o motivo de não ter “assistido de joelhos”, sabe? Porque eu gostei do filme, deixando bem claro… só não considero no mesmo nível de Le Samourai.

  2. Claro, mas os filmes do Melville tornam-se especialmente mais saborosos quando vistos nesse contexto macro. Ele compôs uma espécie de painel do noir filtrado através dos seus olhos, com identidade, estética e ritmo próprios. Não que um filme vá necessariamente melhorar quando visto depois de outros filmes e etc, mas algumas coisas como aquele característico anti-ritmo das cenas de ação e aquela fotografia azul aparentemente ‘ishperta’ acabam fazendo um pouco mais de sentido. Isso pra quem não foi com a cara desses elementos, eu os adoro.

  3. Vou conhecer melhor a filmografia do Melville este mês, embora a relação com o filme noir seja clara mesmo, mas isso não quer dizer muita coisa para o filme em si em relação ao meu gosto pela obra…

  4. Quase todos os grandes mestres tem seu fiasco na carreira. Isso é inevitável. Mann teve com Miami Vice, De Palma com Fogueira das Vaidades e Cain, Allen com Scoop, Cronenberg com M. Butterfly, Kurosawa com Rapsódio em Agosto, Scorsese com Kundun, Godard com praticamente tudo depois de 1968 e assim por diante só para citar alguns exemplos. É normal.

    Raros diretores que fizeram coisas sempre acima da média. Kubrick e Leone entrariam nessa lista de raridade, apesar de ainda faltar ver algumas comêdias do italiano.

  5. Não tenho conhecimento de como foram as filmagens, mas como o Melville morreu de um ataque cardíaco menos de um ano depois, a saúde dele pode ser que não estava muito boa. Para ver e ser feliz : “Bob, o Jogador”, “Os profissionais do Crime” (Le Deuxième Souffle), “O Exército das Sombras” e “Técnica de um Delator” (Les Doulos).

  6. Eu queria mais, Caraça!!! Queria uma opbra prima! Mas tudo bem… não achei o filme ruim não. E o Melville tem tudo pra ser um diretor que vou apreciar bastane ainda… =)

  7. E daí que o Melville saiu de cena com um trabalho menor ? Hitchcock, Siegel e Peckinpah também, entre tantos outros. “Un Flic” é um ‘polar’ correto e básico, como se o diretor quisesse mostrar o mínimo do mínimo. O engraçado é ue nunca fui grande entusiasta do Bresson, mas adoro os filmes do Melville. Assim como a turma da Nouvelle Vogue gostava e Kitano, Mann e To parecem apreciar muito.

  8. Quando eu aluguei pra ver tava esperando algo foda por causa do que eu havia lido sobre ele e claro, pela deneuve.É isso ae que vc disse mesmo Ronald, filme fraco e a Deneuve mal utilizada.

    ps: ainda me falaram da tal sequencia da perseguição do helicoptero, que embora seja bem intencionada, é tosca.

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